sábado, 23 de janeiro de 2010

Real ou virtual?























A internet mudou completamente a sociedade. Todo o sistema econômico e financeiro mundial lastreia-se na tecnologia para operar, o comércio deixou de ser local para ser "glocal" (pensamento global com ações locais).
As relações humanas não poderiam deixar de sofrer esta interferência.
A revolução nos meios de comunicação, e sua difusão, permitiu uma interação de pessoas em qualquer parte do planeta e a relativa segurança deitou por terra as habituais barreiras que envolvem as diferenças de classe social.
Estamos vendo nascer uma nova sociedade a partir da teconologia, mas não a sociedade como a conhecemos cotidianamente, mas a chamada sociedade virtual.
A partir do mesmo número de páginas ja indexadas pelo google e igualmente apontadas pelo bing, o site de buscas da microsoft, calcula-se que existam 01 trilhão de páginas na internet.
Se você passar apenas um minuto lendo os sites existentes, ficaria ocupado por 31 mil anos, segundo o site News.com.au.
Com tanta disponibilidade de páginas, as pessoas ainda acabam indo visitar, em maior escala, os mesmos lugares: my space, Orkut, Seconde Life, Facebook, Hi5 e, mais recentemente, o Twitter...
O motivo é bem simples: os seres humanos são seres sociais e estes sites de relacionamento, que garantem um relativo anonimato e uma certa segurança devido a distância física da outra pessoa, permitem as pessoas serem o que desejariam ser, mas são tolhidas pela sociedade, por tabus, medos ou criar para si um personagem, alguém que eles gostariam muito de ser, mas sem um vínculo real com sua personalidade.
Devido as maiores facilidades de interação, no Brasil, o orkut é o site de relacionamento preferido - nos EUA, atualmente é o my space, seguido de perto pelo facebook - Mas, junto com estes fenômenos de massa, as formas tradicionais de relacionamento são a eles adaptadas.
A amizade tradicional tem dado lugar a amizade virtual.  Tem pessoas que não tem amigos no off, mas sentem-se bem porque tem "centenas de seguidores no twitter" ou "milhares de amigos" em vários perfis do orkut.
Eu tive um aluno que so conversava comigo através do orkut e do msn. Neste ambiente ele era despojado falava de musica, arte, contava piada, falava das garotas que ele ja tinha ficado e as que ele iria ficar. Curiosamente, fora dali quando eu o encontrava na escola ele se limitava a um "e aê" e se mantinha introspectivo. Era, e ainda me parece, uma coisa muito surreal.
Surgiu também nos ultimos anos o namoro virtual, o sexo virtual e até o casamento virtual. Modalidades novas das interações ja pré-existentes.
Claro, é muito mais fácil uma interação com alguém através da internet porque as pessoas estão totalmente despojadas de suas máscaras cotidianas e geralmente mais abertas a novas possibilidades, além de ser, muitas vezes, uma relação idealizada, sem os desgastes de convívio diário - embora existam problemas novos: os depoimentos que alguém envia tentando de alguma forma minar a relação, os "fulano-disse-que beltrana-contou" através do msn... Mas estas são apenas modalidades novas da boa e velha fofoca movida pela inveja que já é comum nas relações off.
Eu sou um assíduo usuário da internet, gosto de falar com pessoas aqui, de interagir, mas o que de fato me leva a pensar é a transferência que tenho observado na maioria dos usuários em transpor a sua vida pessoal/sentimental para a internet como se o real fosse o vivido na rede e o tempo desconectado é que não fosse real.
Como todo mundo eu ja tive namoros virtuais e, via de regra, chegaram ao fim pela minha necessidade de sair da virtualidade, de ter contato com as pessoas, de ver o sorriso, de pegar na mão, de sair juntos...E principalmente, pela necessidade de sempre ter contato com a pessoa e não algo esporádico.
Quero ver a vida com os olhos, quero que os teus olhos vejam o meu mundo, mas não através da sua webcam ou coisas do tipo.
Eu adoro a modernidade, mas acho que estamos chegando no paradigma proposto pelo filme matrix: pessoas poderosas, lindas, perfeitas em um mundo idealizado enquanto seus corpos abandonados dormem em algum canto sombrio.
Recentemente vi um filme sobre a temática da interação cibernética saindo da questão virtual para uma interação efetiva entre os simulacros da realidade de cada um. O filme chama-se "substitutos" (Surrogates). Se tiver tempo, baixe do "deus google" (basta pesquisar: substitutos+avi+legendado e vai achar varios blogs com links para baixar) e assista.
 Apenas para concluir minha divagação...eu quero um amigo (a) que seja leal, um amor que seja verdadeiro, que me ame e encontrar essas pessoas pessoalmente, traze-las para meu convivio diário se possivel. Enquanto não for possível, vamos todos nos plugando na matrix mesmo.

Nenhum comentário: