sábado, 30 de outubro de 2010

Você é uma baunilha apimentada?



Este blog foi criado, inicialmente com o objetivo de falar de tudo: de sexo a arte, mas como sexo é melhor praticado que falado, nos últimos tempos eu tenho descrito por aqui mais as poesias, musicas e coisas diversas – dentro do meu habitual ecletismo.

No entanto, hoje me deu vontade de falar sobre uma forma de prática sexual e cultura social (ou sub-cultura, como se queira dizer): o BDSM.

BDSM numa explicação mais ampla da sigla, seria Bondage e Disciplina; Dominação e Submissão;  Sadismo e Masoquismo (BD, DS e SM).

 Há quase dois anos atrás eu criei um tópico na comunidade Boemia sexual  chamado “você é uma baunilha apimentada?” para falar sobre práticas BDSM incluídas nas relações dos que não praticam cotidianamente o BDSM (chamados de “baunilhas” pelos praticantes).

Teve grandes contribuições da Menina Lice que inclusive foi em busca até das origens da baunilha (planta) e que o termo, provavelmente, faria alusão ao fato do sabor baunilha ser o sorvete mais comum, encontrado em praticamente qualquer sorveteria do planeta.

Sempre que a discussão adentra o terreno da fantasia e, nesta, fala-se do BDSM que abrange características amplas e não uniformes (como já explicitei) surgem conceitos e ideias meio que equivocadas.

O próprio meio, para disciplinar a prática e tentar sair do estigma de “parafilia” – sendo classificadas como distorções da preferência sexual na CID-10 na classe – criou-se o conceito do SSC: são, seguro e consensual para separar as praticas BDSM da mera e rotineira violência doméstica ou do individuo que não controla a si mesmo.

Dentro deste universo há uma série de matizes, não uniformes. Existe desde as práticas “softs” (sem inflingir grandes danos físicos) até Hard (práticas mais severas como cortes, agulhas, implantes de objetos, dogplay, etc).

Assim como a relação em si: 24 x 7, sessões, relacionamentos abertos, enfim,  uma forma de relacionar-se com o outro com regras mais ou menos pré-estabelecida entre ambos.

Formou-se nos últimos anos uma cultura BDSM no Brasil e a internet facilitou o contato dos praticantes pelo país, cuja dispersão geográfica agora não é mais um impedimento tão grande.

Claro, nada na vida é perfeito. Eu particularmente não gosto da idéia de “clãs” porque eu já me considero um macho Alfa e não tenho a menor vontade de me submeter a ninguém.

Em matéria de relacionamentos eu não gosto de partilhar nem de dividir as experiências que tenho com a parceira, a parceira, nada disso é para domínio público. O que é meu é meu, o que é seu, se você insistir, eu até posso considerar que possa ser “nosso”.

Tenho prazer em degustar meus prazeres sozinho com a mulher com a qual interajo, como o “pequeno príncipe” em uma versão dark... 

Todos têm total liberdade para apreciar e usufruir de nossos desejos, sem que, contudo, tenhamos a obrigatoriedade de expor-se a outras pessoas que não partilham da mesma visão e não entenderiam nossas práticas.

Sendo assim, essa necessidade da divulgação que algumas pessoas têm – de dizer do que fez ou deixou de fazer com o outro - eu credito a uma baixa auto-estima e necessidade de auto-afirmação, além de uma exposição desnecessária da outra pessoa.

Antes de se considerar um Dominador, é preciso dominar a si mesmo; antes de ser uma submissa é preciso harmonizar-se com a liberdade de sentir-se assim, prazerosamente, somente após isso deve-se partir para o “play game”.

Claro e ainda têm-se que desfazer os equívocos de outrem em relação a escolhas que se faz: a submissa, por exemplo realizará todas as vontades do seu dono, dentro e fora da sessão, se assim tiver sido acordado, mas ela é submissa a uma pessoa e não submissa a todos;

Cabe ao dominador, cuidar da sua submissa, suas necessidades mais primordiais e emocionais, bem como jamais lhe causar dano. Um dominador de certa forma é o que mais se doa na relação, contraditoriamente a idéia de que a submissa é que faz tudo...

Vemos cotidianamente muitos “pseudo” dominadores que acham que basta assim se intitular e qualquer mulher que seja submissa deverá ceder a suas vontades.

O exercício do poder é uma concessão. A ninguém é imposto ser submisso a outrem. Escolhe-se ser, e entregar sua submissão, ou não.

Tudo o que posteriormente vier a existir será construído e aceito por ambos e, caso não haja mais concordância, ocorrem os rompimentos, como em qualquer relação.

Nenhum relacionamento humano são “flores”, se há duas pessoas juntas, haveria problemas, rs... Mas, sigo aquela máxima - e indico pra todos- seja o que for, se te faz feliz e não prejudica ninguém, nem a você mesmo, então faça.

[ Peixes não voam como pássaros, pássaros não respiram como peixes, mas são felizes sendo pássaros e sendo peixes, se forçarem sua natureza sendo outra coisa (peixe no ar, pássaro no fundo do oceano) simplesmente morrerão.]

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Primavera


“Quero fazer com você o que a primavera faz com as cerejeiras”


Frase maravilhosa de Neruda e que denota algo que nos falta a todo tempo: alguém disposto a despertar em nós o nosso melhor – nosso amor, nosso sorriso, fazer florescer os sonhos...

Mas, não é porque ainda é inverno aqui dentro que vou usar isso como desculpa para não ser legal com as pessoas. 

Tentarei sempre ser o bem que acalenta, o sorriso que inspira e, enquanto a minha primavera não vem, deixarei as folhas da memória dia após perder-se ao vento.