terça-feira, 14 de outubro de 2008




Absinto

Hoje eu quero amanhecer em teus braços
Fazer de ti a minha Pietá de luxuriantes desejos
E ao mesmo tempo tendo de ti a mulher, a amiga,
A menina

Deixo de ser um fantasma e sou um dos que vivem em ti
Se te possuir for um pecado de amplas conseqüências kármicas
Que morra eu e reencarne cem vezes então,
Porque nessa vida não abro mão de ti

Seu olhar me fustiga desejos
Tua boca balbucia devassidões
Seu corpo é um caminho sinuoso
No qual em cada curva se acham delícias infindáveis
Nunca serás Eva, sempre Lilith
Mulher-demônio que me suga a seiva

Já a muito que te despojastes de tudo
As vezes acho que és vazia
Outra acho que és apenas luxuria
As incertezas são muitas, é difícil ver sob teus mil véus.
Só uma coisa me é sempre certa: TE QUERO!

Fere-me com teu fogo
Marca-me a alma com tua volúpia
Devora-me e sê devorada.
Tu és absinto que cintila em minha taça
E ainda que sabendo-o mortal eu o sorvo todo,
Até a ultima gota,
Pois de ti eu quero sempre tudo.

(by Aton 15/10/2008)

sábado, 11 de outubro de 2008

“Que príncipe encantado qual nada, bom mesmo é o lobo mau: ele te cheira, te ouve melhor e ainda te come.”



CAOS

Adoro a subversão da ordem,
Ser o anti-herói, às vezes, não ser bem nem mal só e tão somente “ser”...
Gosto das coisas nos seus devidos lugares,
Mas, sou, ao mesmo tempo, fascinado pelo caos, pela desordem
Não uma desordem sem sentido...Eu gosto da desordem que precede a revolução
Que move todas as coisas, que abala o trono dos reis, que retira o cetro dos poderosos,

Gosto quando vens a minha procura,
Quando chegas como uma força incontrolável da natureza,
Sem bem nem mal...Sem que se possa aplicar definições a ti
Santa? Diaba? Pecadora? Pura? Tu apenas és...

Como toda ordem surge do caos, eu meio que renasço ante ti
Com tanto ímpeto e força invade meu mundo
Seus olhos me fitam, me querem...
Me dizem milhões de palavras, mantendo mudo os teus lábios
por onde passa essa tua lâmina flamejante de prazer enquanto me fitas...
Essa hábil arma que parece tão inocente quando falas,
Mas que é chama que passeia no meu corpo e o incendeia...


Vem amada, despoja-te de tudo o mais,
Despe-te totalmente – não das vestes, pois já não há nenhuma em nós,
E sim de todos os medos e anseios...Vem, aconchega-te em nosso tálamo,
Te fornecerei o que precisas para manter essa chama,
Esse teu ímpeto poderoso...
Te saciarei de amor dia após dia...

(by Aton 11/10/2008).
“Um homem que conheceu apenas a sua mulher e a amou, sabe mais sobre mulheres do que o que conheceu mil outras sem amá-las”.



Não me reconheces ainda?

Já desfaleço de amor, por onde andas ó amada minha?
Vem, faz-me habitar em teu leito viçoso,

Deixa-me traçar linhas de desejo sobre teu corpo
Invocar todos os deuses para que assistam ao espetáculo divino
Que o é um homem e uma mulher em seu estado de amor primordial
Despojados de tabus civilizacionais e tomados pela luxuria
Animal e deliciosa que brotam da carne que lateja
E trêmula verte líquidos prazeres..

Quero devorar tua carne nesse dia frio,
Arvorar meu pendão em teu corpo
Por horas saciar minha fome de tua carne
E quando exaustos, nus, abraçados juntinhos

Vou sorver tua alma com meu olhar sobre ti
Continuar a fazer amor com tua essência
Te envolvendo toda em carinhos e doçuras até o romper da Alva.

“Só espero meu grande amor que quando me encontrar você me reconheça”

(by Aton 11/10/2008)


Essa é uma poesia que fiz pensando – nostalgicamente - em todos os meus amores que se foram, espelhos de minha alma que não mais existem, mas tudo bem...Afinal, eu também já sou um outro.


Um espelho que se parte

Estou em ti, sou um contigo...
Então tu és, de certa forma, um espelho da minha condição humana,
Meu alter ego, minha porção sagrada...
Removi as fronteiras onde começavas tu e onde terminava eu...
Logo, o que fazes de ti, fazes de mim mesmo...

Meu amor sempre te deixou sem máculas do mundo:
Sagrada, deusa, mulher, luxúria, amiga...
A mácula inexistia tão somente porque tudo isso era apenas em mim, em ti...
Com as portas cerradas, abriam-se todos os desejos, libertávamos todos os sonhos...

Se és o meu melhor, a minha mais sublime parte
Hoje, então, sinto-me triste comigo
Olhei para essa outra parte de mim: cheia de máscaras,
“ensaios sobre a verdade”, profanada por tantas mãos, por tantos olhares...

Hoje me deparo contigo espelho meu e estás
Como um fausto de Goethe, vendida por tão pouco,
Trocando seu melhor por nada...

Já não me reconheço nessa imagem que se reflete...
Quem és tu que me olhas espelho meu?
Porque me dizes que sou cego?
Porque refletes outros rostos?
Suas almas ficaram encantadas por em ti ao te olharem
E as vejo na escuridão da noite vagueando na busca de tua alcova...

Ah espelho meu, metade minha...

“O amor faz vencido ao vencedor”
Quero eu que te tornes cativas por vontade própria,
Mas, tu, o que queres?...

Talvez até suporte que sejas de mim e de todos, mas jamais que sejas de todos e não minha...

Vai-te pelo mundo então, percorre-o como o vento,
Seja de todos, ainda que não tenha ninguém que seja seu...

Quem sabe quando de novo passares por essa terra eu ainda esteja aqui
Pare para ouvir tuas histórias, me proponha a curar tuas feridas...
Mas não chores se eu não souber mais quem és tu...
Não me culpe,
Dê-se a conhecer de novo...

E se já não mais aqui estiver, alegra-te também,
Pois, certamente fui achado, amado e tenho uma nova imagem de mim:
Uma que me sorri e me vê...



(by Aton 11/10/2008)



ETERNO...E terno

Eu sou um criador de mundos, um materalizador de sonhos
Toco teu corpo, te dou vida, te tiro os pesadelos,
Te removo do mofo do mundo,do teu abandono: de si mesma, dos outros, de tudo, do nada...
Deixa-mete resgatar-te da ausência de significados que virou os teus dias
Te recolho do mostruário: peça carnal, objeto, algumas vezes abjeta a teus próprios olhos e de outrem,
Revogo agora teu anonimato: deixarás de ser “mais uma” para ser tão somente “a”...

Transeuntes loucos passam sempre e não te vêem
É preciso estar em busca de algo para achá-lo e não te buscam
Quando vão a ti buscam apenas a si mesmos,
Reflexo disforme de seus próprios desejos...

...E tu ainda te espantas que não te toquem ou sintam,
Que olhem pra ti e não te vejam de fato,
Que dizem te escutar, mas não sabem o significado das palavras
Jorradas de teus doces lábios.

Eles não conhecem teus sonhos, jamais embarcaram na viagem proposta por teus olhos;
Mergulharam com avidez na tua carne, nela deixaram marcas, mas nunca souberam que você possuía alma...

Não colhem rosas em ti, no teu ser não fazem chegar a primavera nunca
E tu ainda te perguntas “PORQUE?” ao final de mais um encontro fortuito e vazio..
O porque é simples anjo meu: não aprenderam a irrigar amor, só sêmen...

Vem, dá-me tua mão...O amor nos espera com suas brumas
Lá temos delícias, prazeres, cumplicidades, lá tu reinas,
Mas é ao mesmo tempo senhora e serviçal,
Pois, entre os amantes, não há quem pode mais que o outro e ao mesmo tempo se pode tudo
Amemos por um espaço de tempo apenas
No tempo que eu, o teu oráculo incansável, chamo ETERNO...E terno.

(by Aton 11/10/2008)


Morando com a poesia

“a poesia mora em ti”

Sim, moramos sós, eu e ela, fazendo companhia um ao outro,
Nessa imensidão vazia que tenho no peito
Já se foram todos, já não há respostas, já não há mais cantos e encantos;
Somos unidos por uma triste afinidade: somos apreciados, “lindos”, mas não amados,
não entendidos, eu a mantenho viva, penso nela e ela existe...
De sua parte ela me diz: “vem, bebe de mim e vive” e vivo cada dia.

A cada gole mata-me a dor, mato a dor...A dor de sentir tanto em um mundo adormecido
Ela me seca as lagrimas, me sacia a fome de amor, me permite ser teu amante
È cúmplice de meus devaneios, ri das minhas loucuras, mas não é um riso de escárnio
A poesia é amante dos ébrios, mas não de vinho ou mosto, tão somente de desejos,
Pensamentos, dos entorpecidos pelo coração errante que se vai em busca de morada em outro corpo...

E dessa relação de dependência, nascem palavras, nascem versos, nascem mundos, nascem desejos mudos que gritam...
Quem sabe até nasçam amores...
Já propus a ela e ela aceitou.... Quero um triângulo amoroso: eu você e ela...Ah, eu quero mesmo é um amor que me ame...

(by Aton 11/10/2008).

quinta-feira, 2 de outubro de 2008



Atenção e carinho tu sempre terás de mim
Vou te cuidar como você me cuidou
Te dar colo,
Contar estrelas...
E dizer que amanhã será melhor que hoje
Que ainda há fadas na floresta
Que nos rios ainda cantam as yaras
Que as musas não morreram, mas dormem
E que os sátiros são feios apenas por fora...
E que me sinto um deles,
Que persegue muitas vezes em vão as ninfas,
Eu sei bem que todos temos apenas fome de amor
E em alguns momentos esse vazio no peito aprece uma dor,
Alguns deixaram ela se tornar loucura
E em outros ela se tornou propósito...
Em mim a fome virou vida, do devorador saiu comida...
Pois ainda insisto em dizer: Amo!