sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Palavras: "com meus versos rudes construo meu mundo"
Lembrei-me de Cora Coralina: a construção sobre os versos rudes, como pedras fundamentais de seu mundo.
Na verdade a palavra tem sempre um locus mundo poderosos no mundo.
Somos o que falamos, escrevemos, porque é a materialidade de nossos pensamentos, a perenização do "eu".
Na cosmogonia cristã O verbo criou o mundo pelo poder de sua palavra e por ela o mundo subsiste.
Também no mundo oriental, a palavra tem um poder sublime, tanto que no topo do sistema de castas védicas - questão social disto não é ponto de discussão neste momento pra mim- esta o Braman --> "aquele que fala".
Arremato minha divagação sobre a palavra, o que é dito (e que pra mim é a unica forma válida de minhas intenções e visões do mundo, sobre as quais o outro pode pautar-se), deixo um texto do Calvino:
"Seja como for, todas as “realidades” e as “fantasias” só podem tomar forma através da escrita, na qual exterioridade e interioridade, mundo e ego, experiência e fantasia aparecem compostos pela mesma matéria verbal; as visões polimorfas obtidas através dos olhos e da alma encontram-se contidas nas linhas uniformes de caracteres minúsculos ou maiúsculos, de pontos, vírgulas, de parênteses; páginas inteiras de sinais alinhados, encostados uns aos outros como grãos de areia, representando o espetáculo variegado do mundo numa superfície sempre igual e sempre diversa, como as dunas impelidas pelo vento do deserto."
(Seis propostas para o próximo Milênio- Italo Calvino)
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